- Área: 930 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Qingshan Wu, Nan Ni
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Fabricantes: Lutron, Alusion, Emeco, OPEN Architecture, SONOS, WOODN, dormakaba
Descrição enviada pela equipe de projeto. Escondido em meio a uma praia deserta na Baía de Bohai, no norte da China, o Museu de Arte das Dunas da UCCA foi enterrado na areia, como um castelo que se funde e desaparece em meio à restinga.
Dunas levam séculos para serem esculpidas e representam um dos mais delicados ecossistemas do nosso planeta. O vento sopra lentamente a areia da praia construindo pouco à pouco a paisagem à beira do mar. Arbustos fixam as suas raízes procurando desesperadamente por matéria orgânica, estabilizando o solo e acolhendo uma fantástica vida selvagem que transita entra a terra e o mar. Assim como crianças que se sentam na praia e constroem seus castelos de areia, o museu foi "escavado" nas dunas de forma a criar uma série de espaços interconectados, organicamente moldados que, envoltos pela areia, se assemelham a cavernas - o mais primitivo abrigo do homem, as quais assistiram o nascimento da arte rupestre, talvez a primeira forma de expressão artística da humanidade. Assim, oculto entre o mar e a terra, o Museu de Arte das Dunas é simples, direto e surpreendente - um retorno aos espaços primitivos e atemporais.
A ideia de construir um museu de arte enterrado nas dunas nasceu da profunda admiração dos arquitetos pela natureza e o desejo fundamental de proteger este tão vulnerável ecossistema, construído pelas águas e pelo vento ao longo de milhares e milhares de anos. A iniciativa do museu procura preservar as dunas e impedir o avanço desenfreado de novos empreendimentos imobiliários na região, assim como aconteceu com muitas praias ao longo da costa de Bohai.
Espaços fluidos e interconectados acomodam o programa rico e diverso do Museu de Arte das Dunas, o qual inclui galerias de diferentes tamanhos além de um café. Depois de atravessar um túnel longo e escuro onde encontra-se a área de recepção, o espaço de repente se expande e se revela como uma grande caverna, a maior galeria multifuncional do museu. Os raios de sol penetram dramaticamente pelas clarabóias que pousam na superfície das dunas logo acima, preenchendo a galeria de luz natural.
Estas diferentes aberturas emolduram e direcionam as vistas para o exterior, através das quais os visitantes podem observar a natureza em plena atividade, percebendo a passagem do tempo através do sol ou surpreendendo-se com as sombras das nuvens percorrendo o espaço. Uma escada escultórica em espiral guia os visitantes até um mirante na cobertura em meio as dunas, contrastando com o espaço controlado e contido das galerias. Como uma escultura de areia, o museu surge como um abrigo íntimo para o corpo e alma - um lugar para contemplar a arte e a natureza.
A complexa geometria das superfícies de concreto do Museu de Arte das Duna foi executada manualmente por exímios artesãos de Qinhuangdao (alguns dos quais eram experientes construtores navais), utilizando fôrmas de ripas de madeira e outros materiais. Os arquitetos decidiram deliberadamente manter a textura irregular e imperfeita deixada pela cofragem, incorporando a personalidade do trabalho humano na narrativa dos espaços do museu. Além disso, todas as portas e janelas do edifício, a recepção, o balcão do café e as pias dos banheiros também foram todas projetadas e construídas no local. Contando com oito mesas diferentes, a estrutura do café foi concebida como uma interpretação dos oito principais espaços do museu.
As aberturas zenitais do edifício possuem diferentes orientações e dimensões, permitindo a plena iluminação natural de todos os espaços do museu ao longo do ano; como uma cobertura jardim, a areia das dunas minimiza a carga térmica nos dias mais quentes de verão; enquanto que um sistema de bomba de calor de alta eficiência e zero emissões substitui o tradicional sistema de condicionamento de ar.
Nos próximos anos, uma longa passarela deverá ser construída em frente ao Museu de Arte das Dunas. Quando a maré estiver baixa, o percurso acessível guiará os visitantes até o Museu de Arte do Mar, que será construído como uma rocha em meio ao oceano. Juntas, estas duas estruturas pretendem construir um diálogo poético entre “a terra e o mar”.